Desde que foi fundado em 1851, o The New York Times tem por costume publicar obituários de pessoas famosas. Em sua quilométrica lista de pessoas influentes que já se foram desta para uma melhor, estão algumas das personalidades mais influentes do mundo. Entretanto, assim como o proprio NYT já admitiu, esta lista esteve históricamente dominada pela presença majoritária de apenas uma parcela destas pessoas famosas e influentes, escolhidas por gênero e raça, ou seja, homens ricos e brancos. Em busca de preencher esta lacuna, o The New York Times lançou no ano passado uma série chamada de “Overlooked”, contando a história de importantes mulheres que foram ignoradas desta seleta lista mortuária, entre elas estão Sylvia Plath e Emma Gatewood por exemplo.
Na ocasião da comemoração do dia Internacional da Mulher, o The Times publicou um obituário assinado por Alexandra Lange sobre a vida e legado de Julia Morgan, a primeira mulher a receber a licença de arquiteta no Estado da Califórnia, e “uma das mais prolíficas projetistas da história dos Estados Unidos".
Julia Morgan, arquiteta e engenheira americana, nasceu em 1872 na cidade de São Francisco. Morgan foi a primeira mulher a ser admitida na prestigiosa Ecoles des Beaux-Arts, em Paris, e de forma ainda mais impressionante, depois de retornar à Califórnia em 1904, Julia foi a primeira mulher à abrir seu próprio escritório de arquitetura nos Estados Unidos. Desenvolvendo majoritariamente projetos residenciais, a arquiteta esteve à frente de sua empresa por mais de cinquenta anos, atingindo a impressionante marca de mais de 700 edifícios projetados ao longo de sua prolífica carreira. Alguns de seus projetos mais conhecidos incluem a Igreja Presbiteriana de St. John em Berkeley, Asilomar YWCA em Pacific Grove e o Castelo Hearst em San Simeon. Julian Morgan faleceu em 1957, aos 85 anos.
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Em 2014, Julia Morgan foi postumamente condecorada com a medalha de ouro do AIA, sendo mais uma vez a primeira mulher (agora postumamente), a receber o mais importante reconhecimento na esfera da arquitetura nos Estados Unidos, uma surpreendente história que marcou o fim da injusta hegemonia masculina do prêmio do American Intitute of Architects ao longo de seus 106 anos de história. Ao conceder o prêmio póstumo à Julia Morgan, os representantes do AIA declaram: “O que mais se destaca em sua obra, é a variedade de estilos arquitetônicos empregados por Morgan: casas em estilos Tudor e Geórgia, igrejas do Revivalismo Românico e propriedades coloniais espanholas com um toque islâmico. Sua educação Beaux-Arts de período tardio deu a ela a capacidade de transitar facilmente entre todos os estilos historicistas, refinando os motivos e métodos de toda a história da arquitetura ocidental para aplicá-los da mais apropriada forma em cada contexto específico em que projetava.”
O obituário completo do New York Times pode ser acessado diretamente no site do The Times aqui.
Intruders in the Boys' Club: Women Redefining Success in Architecture
Whether it be the overly-dainty posture of scale model figures or the assumptions of being the in-house decorator, the portrayal of women in architecture is often one of subservience. Despite Despina Stratigakos' hands-on efforts behind Architect Barbie or the global impacts of the legacy of starchitect Zaha Hadid, there continues to be a lack of visibility of women in the profession.